quinta-feira, 12 de abril de 2012

Uma nova visão de Fernando Pessoa


Fernando Pessoa – Uma quase-autobiografia, de José Paulo Cavalcanti Filho

José Carlos de Vasconcelos escreveu, na apresentação à edição portuguesa, que este é «um livro absolutamente invulgar, extraordinário, "apaixonado"» e que as centenas de páginas que tem, «se lêem como um romance, acrescentam muito ao conhecimento do percurso existencial de Pessoa e dos que lhe são próximos». O jornalista e director do Jornal de Letras salienta ainda a inteligência e a seriedade da investigação, ressalvando, porém, o possível cariz controverso de certas conclusões.
No Brasil, a revista Veja considerou Fernando Pessoa – Uma Quase- Autobiografia «a mais completa e detalhada reconstituição que jamais se fez da vida do autor». Mas este livro foi notícia também em Espanha. O El País revelou que contém «novidades surpreendentes sobre o genial poeta português» e que colocou o «mundo das letras em polvorosa». Na generalidade dos artigos, merecem elogio o esforço notável de pesquisa por parte do autor, a amplitude da obra – personalidades como Richard Zenith, Tereza Sobral Cunha, Eduardo Galeano ou Millôr Fernandes também o confirmam – e o facto de esta conseguir desmontar mitos e lendas em torno de Pessoa.

«Este livro, pois, não é o que Pessoa disse, ao tempo em que o disse; é o que quero dizer, por palavras dele. Com aspas é ele, sem aspas sou eu (…).
Não é um livro para especialistas, por já terem, à disposição, páginas de mais. Que contam seus poemas octossilábicos, ano a ano — três em 1919, seis em 1920, e por aí vai; ou os advérbios de modo usados, equivalentes a 2,94% das frases de sua obra; ou estudam o uso do vocativo nos seus versos; ou examinam cada palavra de Mensagem — após o que se sabe haver, no livro, dez com 13 sílabas; ou sustentam que castelos, espadas, gládios e padrões, expressões nele tão frequentes, seriam símbolos fálicos; ou relacionam o horizonte paradigmático que modifica o buraco negro da luz ofuscante da melancolia de Bernardo Soares com as teorias de um filósofo alemão da Escola de Frankfurt ou com a lituraterra da psicanálise; ou discutem o número de vezes, 125, em que neles aparece a palavra coração. Sendo mais frequente na obra, só para constar, a palavra mar — em Mensagem, 35 vezes; no seu mais longo poema, “Ode marítima”, 46; mais 13, em fragmento de uma “Ode to the sea” que escreveu como Alexander Search; muito mais, parei de contar quando o número se aproximava das duas centenas. Nem proponho uma nova interpretação de Pessoa — que também muitas existem, para todos os gostos. Reduzidos, então, os bons propósitos dessas páginas, a serem simples guia para não iniciados.»

Nas livrarias a 19 de Abril

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