terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ana Vichenstein - Opinião

Ana Vichestein – A Feiticeira da Mente, de Ana Crisóstomo
Chiado Editora

Ana Vichenstein é uma adolescente de 13 anos de idade, órfã de mãe, que estuda no mesmo colégio desde os seus seis anos de idade. Excelente aluna, óptima cantora e dançarina e ainda uma excelente pessoa.
Tudo isto poderia ser comum a um grande numero de adolescentes, não fosse ela uma feiticeira da mente.
No mundo de Ana existem três categorias de feiticeiras, todas elas com as suas qualidades e as suas limitações: as feiticeiras da mente, os feiticeiros com manopoderes (nas mãos) e as feiticeiras da varinha.
Não se pense que as feiticeiras conseguem ser aceites na sociedade. Eles vivem à margem, encobertos por detrás de um colégio comum, onde estudam tanto alunos feiticeiros como os outros não-feiticeiros. Durante o dia convivem entre si com aulas comuns. A partir da hora de saída dos alunos não-feiticeiros, as aulas de magia são leccionadas numa secção específica do colégio.
Ana entrou naquele colégio sem saber a verdadeira razão. A sua mãe foi morta para a conseguir colocar naquele sítio a estudas. O seu pai divorciara-se da sua mãe ainda antes deste acontecimento fatídico. Encontra-se sozinha no mundo. Tudo parece correr bem até que alguns acontecimentos insólitos assolam a vida de Cascais, próximo da zona de Sintra onde fica o Colégio...
No meio de aulas, romance e desavenças, algumas intrigas e lutas serão travadas pelo meio, levando Ana a escolher entre dois lados de uma mesma realidade.
A sua lealdade e os seus princípios vão ser testados até o limite, podendo mesmo vir a sofrer com tudo isto.
Uma história do mundo do fantástico com partes hilariantes, românticas e até mesmo comoventes que levarão o leitor a querer ler até a última página.

No meio da vila de Sintra existe um colégio onde alunos feiticeiros e alunos não-feiticeiros coabitam. Os alunos não-feiticeiros não têm conhecimento destes dois mundos que no entanto se tocam em cada carteira de aula, em cada livro, em cada sala.
Ana apresenta-se como uma adolescente de 13 anos que, contudo, é uma feiticeira da mente. No entanto tenta levar uma vida perfeitamente normal com os seus amigos. Principalmente Joana, a sua melhor amiga, e Vicktor, o seu namorado de 16 anos.
Ao longo do livro vamos conhecendo melhor Ana e todos os obstáculos por que passou: o abandono do pai, o assassinato da mãe, e todos os poderes que vai adquirindo tornando-a a melhor aluna da escola.
Mas esses poderes não trazem apenas facilidades. Trazem com eles as dificuldades de uma vida escondida, as responsabilidades para com os colegas e restantes feiticeiros e a escolha… a escolha do bem ou do mal.
Ana descobre que existe um feiticeiro poderoso que ataca através de meios terroristas e tenta aniquilar os não-feiticeiros. E ele quere-a a seu lado. Porque têm o mesmo sangue. E o sangue de dois feiticeiros poderosos juntos pode torná-los invencíveis.
Pelo meio surge o pai de Ana, as juras de amor de Vicktor e decisões… muitas decisões.
Confesso que me senti um pouco apreensiva quando iniciei a leitura do livro. Não tenho lido autores portugueses e esta nova vaga de autores de fantasia em língua portuguesa assusta-me um pouco. Mas como já tive óptimas surpresas atirei-me de cabeça ao livro.
Antes de mais quero dar os parabéns à autora. A Ana Crisóstomo conseguiu o delinear de uma boa história e conseguiu publicá-la. O que nos dias de hoje pode ser complicado.
Ao ler as primeiras páginas fiquei novamente renitente. Parecia-me uma mistura de Harry Potter com Lua Vermelha, mas sem os vampiros. Mas não desisti e ainda bem. De vez em quando tinha de me lembrar que a história está dirigida a um público mais juvenil e daí que algumas passagens pareçam o diário da protagonista. Afinal é uma adolescente, quase, comum a falar para outras adolescentes. Daí a roupa, as amizades, os bailes e festas.
Mas houve algo que estranhei. Ana tem 13 anos e a intensidade do seu namoro com Vicktor de 16 é algo estranha. Juras de amor eterno perante pais e professores não é natural numa jovem de 13 anos (e nem num jovem de 16). O romance entre os dois parece mais adulto do que realmente é, e demasiado profundo para a idade da protagonista. Penso que a autora, com 19 anos, escreveu sobre o amor visto por ela e não pela protagonista de 13 anos.
Há passagens bastante boas que nos levam a querer continuar, embora seja um pouco previsível. Adorei as batalhas de magia mental. Bem explicadas, fáceis de imaginar.
O desfecho, contudo, é algo estranho. Focam-se numa consequência do desfecho e não no que realmente aconteceu. Ficamos sem saber se Pedro, o primo, é apanhado, se foge, se morre, etc… E acontece tudo tão depressa e em tão poucas folhas que baralha ainda mais.
A conclusão a que cheguei é que o livro centra-se mais no amor entre Ana e Vicktor do que na luta de feiticeiros pela supremacia. Daí que o final do livro seja esse mesmo amor e não a luta com Pedro.
Também fiquei sem saber se o livro vai ter continuação ou se acabou aqui.
Uma ressalva para a editora. O livro precisa de uma revisão. Tem alguns erros ortográficos fáceis de eliminar e que tornariam o livro ainda mais rico.
Acabo com os meus parabéns, novamente, à autora pela coragem de lutar por uma ideia e de a publicar. Como disse, a ideia do livro está bastante boa e o facto de se dirigir a um público juvenil torna-o bastante interessante. Confesso que gostava de ler algo dela dirigido a um público mais adulto.
Um bom livro para passar algumas horas e conhecer um pouco mais da literatura em português!

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